Os 8 costumes mais estranhos do Peru

O Peru é um país com uma grande história e, claro, costumes e tradições. Estes datam de centenas ou milhares de anos e estão relacionados com o passado do país, como a era colonial, a era Inca, a era pré-Inca e muito mais. Algumas das expressões mais extravagantes são: a dança da tesoura, o Inti Raymi em Cusco, a Yawar Fiesta, as múltiplas procissões religiosas que acontecem em todo o país e muito mais. Conheça os 8 costumes mais estranhos do Peru!

Os 8 costumes mais estranhos do Peru
Os 8 costumes mais estranhos do Peru


A dança da tesoura

A dança da tesoura
A dança da tesoura

A dança da tesoura é um dos costumes mais antigos do Peru. Segundo diversos estudos, suas origens remontam à época pré-incaica, há cerca de 10 mil anos. A dança está relacionada com as épocas de semeadura e colheita nas cidades andinas do sul do Peru. Caracteriza-se pela contorção de diferentes testes físicos ao ritmo de uma harpa e violino. O dançarino carrega uma tesoura na mão.

Em 1995 a dança da tesoura foi incluída na lista do Patrimônio Cultural da Nação. Em 2010 também foi incluído na lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO. Em torno desta dança existe uma explicação mítica relacionada aos deuses andinos do antigo Peru. O escritor peruano José María Arguedas popularizou esta dança com seu conto A agonia de Rasu Ñiti (publicado em 1961).

  • Onde ver?: Nas cidades do sul do Peru: Ayacucho, Apurímac e Huancavelica.
  • Mais informação: Todo dia 27 de dezembro em Huancavelica é comemorado o Dia da Dança da Tesoura. Nesse dia acontecem shows desta dança em diversas regiões do Peru.

O Inti Raymi

O Inti Raymi
O Inti Raymi

Inti Raymi é um festival religioso de Cusco que remonta à era Inca no século XV. Esta cerimônia é realizada todo dia 24 de junho, o que, na época dos Incas, acontecia todo solstício de inverno, quando o sol está mais próximo da terra no hemisfério sul. O Inti Raymi nasceu de uma proposta do artista cusco Agustín Espinoza. A primeira realização desta celebração ocorreu em 1944.

O Inti Raymi acontece em três etapas, seguindo o festival que os Incas faziam. A primeira encenação é no templo Coricancha. O segundo na Plaza de Armas de Cusco. A terceira e mais importante, na fortaleza de Sacsayhuamán. Centenas de atores e atrizes de Cusco, além de grupos musicais, participam dos três espetáculos. Esse dia, 24 de junho, é feriado (dia não útil) em toda a região de Cusco.

  • Onde ver?: Na cidade de Cusco todo dia 24 de junho.
  • Mais informação: O show Inti Raymi em Coricancha e Plaza de Armas é gratuito para todos. O show em Sacsayhuamán, o mais longo (2 horas) só pode ser visto mediante pagamento de ingresso.

O Festival Yawar

O Festival Yawar
O Festival Yawar

A Yawar Fiesta (festa do sangue, na língua quíchua) é uma festa de touradas praticada nas cidades andinas do sul do Peru, de origem colonial. Na celebração, um condor é colocado nas costas de um touro valente. Acredita-se que esta festa representa a rejeição do colono andino aos abusos do proprietário espanhol. O condor representa o homem andino enquanto o touro (animal introduzido na colônia) representa o gamonal espanhol.

Durante a Festa Yawar acredita-se que, se o condor morrer durante a festa, isso traria infortúnio para a cidade andina. Por isso, esta grande ave é tratada com respeito, cuidada e, por fim, libertada. O escritor peruano José María Arguedas popularizou esta festa na sua obra Yawar Fiesta, na qual descreve os abusos dos gamonales. Apesar de algumas manifestações que criticam esta festa, ela continua a ser celebrada nas cidades andinas do sul do país.

  • Onde ver?: Este festival acontece todo dia 26 de julho na cidade de Coyllurqui (Apurímac) ou em Cotabambas (Apurímac).
  • Mais informação: No Peru, desde a época espanhola, foram celebradas centenas de touradas. Porém, o simbolismo do touro e do condor só se realiza em algumas localidades como Coyllurqui e Cotabambas.

O takanakuy

O takanakuy
O takanakuy

Takanakuy é uma festa tradicional do povo Chumbivilcas da região de Cusco, embora também seja praticada em outras regiões andinas de Apurímac. Takanakuy significa ‘bater um no outro’. Este costume é caracterizado por brigas e duelos de chutes entre membros da comunidade. As brigas, em ambiente festivo, servem para resolver disputas entre os membros da comunidade.

Takanakuy acontece todo dia 25 de dezembro. Nesse dia também são celebradas danças com trajes típicos onde participam até cinco personagens tradicionais: os majeños, os q’arawatana, os negros, os langos e o q’ara gallo. A música representativa da celebração é a huaylia, cujas origens também remontam à época colonial. Aos poucos, o takanakuy vai se expandindo nas regiões de Arequipa, Puno e até Lima.

  • Onde ver?: Todo dia 25 de dezembro na cidade de Chumbivilcas, na região de Cusco.
  • Mais informação: A luta durante o takanakuy é baseada em chutes e socos com o objetivo de derrubar o adversário, encerrando assim a luta. Cada rodada dura 3 minutos.

Os yunzas

Os yunzas
Os yunzas

Yunza é uma tradição principalmente andina (embora também no litoral e na selva) que se pratica durante os carnavais (em fevereiro e parte de março) em todas as cidades do norte, centro e sul do Peru. O yunza é uma árvore ou tronco de árvore decorado com balões e todo tipo de presentes para os moradores da comunidade. O objetivo é derrubar a árvore com facões por meio de dança e música. É assim que procuramos unir todos os membros da comunidade.

As origens dos yunzas remontam aos tempos pré-incas. Há evidências desta prática na cultura Mochica (100 AC – 700 DC), Chancay (1.200 DC – 1470 DC) e também na cultura Inca (1.200 DC – 1533 DC). O festival inclui danças e música ao redor da árvore. Geralmente as yunzas são realizadas nos domingos de Carnaval. Os encarregados de entregar a árvore são os chamados ‘mordomos’ ou padrinhos’.

  • Onde ver?: Domingos de Carnaval em todas as cidades andinas, mas também na costa e na selva do Peru.
  • Mais informação: O carnaval também tem influência de práticas festivas europeias como a chamada ‘Quarta-feira de Cinzas’. Em alguns bairros do Peru é proibido devido a alguns registros de feridos durante o feriado.

Pagamento à terra

Pagamento à terra
Pagamento à terra

A cerimônia de pagamento à terra é realizada em todas as cidades da região andina como uma oferenda de agradecimento à Pachamama ou mãe terra na língua quíchua. Esta prática é uma das mais antigas, pois remonta ao antigo Peru, há mais de mil anos. O ritual baseia-se num conceito de reciprocidade em que o homem agradece à terra por todos os produtos alimentares dela obtidos.

O pagamento à terra é caracterizado por oferendas de folhas de coca, cereais, chicha (milho fermentado), gordura animal, fetos de lhama e muito mais. Hoje, apesar de os espanhóis terem punido fortemente as práticas que consideravam ‘pagãs’; Os habitantes andinos continuam a praticar o pagamento à terra. Mesmo todos os anos, no dia 1º de agosto, o Dia da Terra é comemorado com múltiplas oferendas à Pachamama.

  • Onde ver?: Todo dia 1º de agosto nas cidades andinas o dia da ‘Pachamama’ é comemorado com oferendas em pagamento à terra.
  • Mais informação: O responsável por direcionar o ‘pagamento à terra’ é o xamã, que conhece a cerimônia e até acredita ser capaz de se comunicar com os deuses andinos (montanhas, terra).

A huaylia

A huaylia
A huaylia

A huaylia é uma dança tradicional peruana cuja origem remonta às culturas do antigo Peru (há centenas de anos), mas também com influências da cultura espanhola durante o Vice-Reino do Peru. É comemorado nas pequenas cidades andinas todo dia 25 de dezembro por meio de cantos agudos das mulheres da comunidade, além de sapateiros e movimentos rítmicos.

As principais regiões onde se pratica a tradicional huaylia são: Apurímac, Ayacucho, Huancavelica e Cusco. As canções quíchuas expressam a alegria pelo nascimento do menino Jesus (criança Manuelito na cultura andina) e também a rejeição à tirania do proprietário ou gamonal contra o colono andino. Destaca-se pelas lindas cores dos trajes femininos, bem como pelas bengalas de madeira decoradas em diversas cores.

  • Onde ver?: A huaylia é celebrada nas diferentes cidades das regiões andinas de Apurímac, Ayacucho, Huancavelica e Cusco.
  • Mais informação: Em huaylia normalmente não participa nenhum instrumento musical, apenas a voz e as batidas dos participantes. Seu nome em quíchua significa ‘aleluia.

Procissões

Procissões
Procissões

O Peru é um país católico cuja religião foi estabelecida com grande força e violência pelos espanhóis no século XVI. Como em muitos países ao redor do mundo, as procissões são importantes demonstrações de fé para diferentes figuras religiosas. Porém, no Peru as procissões têm uma origem muito antiga. Na era Inca, por exemplo, as múmias dos governantes incas eram transportadas em liteiras e em procissão pela cidade de Cusco, prática que foi adaptada às novas crenças religiosas do colonialismo espanhol.

Hoje as procissões mais famosas do Peru são em homenagem a figuras como: o Senhor dos Milagres, o Cristo da Caridade, o Cristo Ressuscitado, o Senhor do Santo Sepulcro, o Senhor dos Tremores e muito mais. Em Cusco acontece o famoso Corpus Christi, no qual as quinze principais figuras religiosas dos templos da cidade são transportadas em procissão até a Catedral. Acredita-se que esta prática tenha origem na época Inca, com a procissão de múmias Inca.

  • Onde ver?: Procissão das Cruzes de Porcón (Cajamarca), procissão em Yanque (Arequipa), procissão da Madrugada em Huamanga (Ayacucho), procissão do Senhor dos Milagres (Lima), procissão do Senhor dos Tremores (Cusco).
  • Mais informação: A maior procissão é, sem dúvida, a do Senhor dos Milagres na cidade de Lima. Esta festa religiosa é celebrada no mês de outubro.

 

Por Machupicchu Terra – Ultima atualização, outubro 11, 2023


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