Os 5 doces mais populares em Lima

Os doces de Lima são bastante conhecidos, tendo até mesmo renome internacional. Vamos conhecer mais sobre a deliciosa confeitaria carregada de história e interessantes anedotas com as quais foram criados diferentes doces. A maioria desses doces tem uma forte influência estrangeira. No entanto, as mãos peruanas conseguiram criar um estilo culinário próprio.

Breve história sobre os doces no Peru

A história dos doces mais populares tem como principal ponto de partida a chegada da cana-de-açúcar, da farinha de trigo e do leite de vaca. Todos esses ingredientes indispensáveis foram trazidos durante o período do vice-reinado e da colonização espanhola. Outros produtos começaram a ser incorporados a essas terras, como as cerejas, as maçãs, as marmeladas, as uvas e muitos mais. Esses novos produtos somados aos produtos locais, junto com a forte influência árabe, formaram doces com múltiplos sabores. Os doces limeños são alguns dos mais populares em todo o Peru, no entanto, outros doces deliciosos foram criados em diferentes pontos do país peruano. Por agora, conheceremos cinco doces limeños que conquistam os paladares peruanos.

Ranfañote

Falar sobre essa sobremesa é importante porque conheceremos parte da chegada da cana-de-açúcar às terras peruanas. O primeiro plantio no Peru foi realizado em Huánuco, de acordo com os comentários de Garcilaso de la Vega. Outra história que circula é que o primeiro plantio de açúcar foi feito em Trujillo, na fazenda Trapiche, no vale de Chicama.

A sobremesa conhecida como Ranfañote tem diferentes origens. Uma delas conta que foi graças ao auge do açúcar, que devido ao seu bom sabor, foi incorporado em todos os alimentos possíveis. O mel de açúcar foi e ainda é muito utilizado na elaboração de doces. Naquele então, surgiu a ideia de misturar o pão seco com o mel de açúcar. Outra origem que é atribuída a essa sobremesa limeña é que, quando os escravos negros não encontravam o que comer, pegavam as sobras de pão seco, queijo e cascas de laranja, fazendo uma mistura que no final cobriam com o mel de cana.

Em ambas as histórias, podemos deduzir que essa sobremesa é uma das mais antigas criadas em Lima com a chegada do açúcar, embora alguns tradicionalistas não duvidem disso. Com o passar dos anos, a forma de preparo dessa sobremesa foi mudando e melhorando. Outro aspecto importante é que atualmente não é muito popular nem conhecida nas demais regiões peruanas, sendo preparada apenas durante feiras artesanais ou tradicionais em Lima, sendo esse seu único meio de comercialização.

Como se serve o ranfañote?

Hoje em dia, pode-se ver a mistura com outros alimentos que realçam os sabores doces do mel de açúcar. Alguns ingredientes que fazem parte são pães torrados ou dourados com manteiga, chancaca diluída e fervida com anis, cravo-da-índia e casca de laranja. A essa mistura, adicionam-se como decoração coco ralado, frutos secos e queijo, tudo polvilhado com canela em pó.

Pudim de arroz

Um dos doces mais tradicionais do Peru e de grande parte da América Latina é o Pudim de arroz, esta deliciosa sobremesa data de muito antes da colonização espanhola no solo peruano. Segundo alguns dados históricos, é possível encontrar seus predecessores em um livro de receitas em Nápoles durante o ano de 1520, incluído no texto Libro de guisados, manjares y potajes; de Ruperto Nola, onde estão receitas muito parecidas com Pudim de arroz, mas preparadas com farinha de arroz.

Então, como o arroz chegou ao Peru? O arroz, atualmente, é o cereal mais consumido em todo o mundo, o cultivo do arroz em quase todo o mundo ocorreu graças à resistência desse grão para suportar diferentes terrenos. Acredita-se que ele seja originário da Ásia, depois passou para a Grécia, chegando a Roma e ao Egito. Na Espanha, chegou com a influência muçulmana e, consequentemente, chegou a este lado do mundo.

Como podemos ver, é inegável a influência europeia e asiática para a elaboração dessa sobremesa. Algo que pode diferenciá-la será sua forma de preparo. Em Lima, ela é preparada de uma forma diferente da que poderíamos encontrar tanto nos velhos continentes quanto nos países vizinhos do Peru, que também consomem esse doce.

Durante seu percurso no tempo, esteve presente na vida cotidiana dos limeños e limeñas, sendo até usada como metáfora para se referir a mulheres bonitas e doces. Foi tão popular que o tradicionalista Ricardo Palma inclui essa sobremesa em um de seus relatos; da mesma forma, o escritor Manuel Atanasio Fuentes narra uma passagem onde esses deliciosos doces são vendidos nas ruas limeñas.

Como se serve o Pudim de arroz?

Atualmente e especialmente em Lima, podemos encontrar diferentes variedades dessa sobremesa, a mais chamativa é o denominado Arroz Zambito. O ingrediente adicionado é a chancaca, ou o mel de açúcar solidificado. Isso não só adiciona doçura, mas também um sabor delicioso e uma cor especial. Também costumam servir essa sobremesa acompanhada de passas, coco ralado, nozes, amêndoas e, especialmente, compartilha a vitrine com a Mazamorra Morada.

Mazamorra morada

Este é o doce que perdurou desde antes da colonização. Conta-se que essa sobremesa foi preparada durante o Tahuantinsuyo com milho amarelo, o qual era fervido e misturado com fécula de batata-doce ou chuño. Embora essa preparação seja bastante semelhante à do api, ela tem múltiplos sabores devido aos diferentes ingredientes que podem ser adicionados.

Conta-se que o termo “mazamorra” era utilizado pelos espanhóis para se referir às misturas de sobras de comida ou, mais popularmente, como a comida das pessoas marginalizadas ou dos escravos. Inicialmente, essa sobremesa foi oferecida aos espanhóis, que, descontentes, começaram a chamá-la de mazamorra. Com o tempo, ela adquiriu a denominação de “mazamorra morada”, devido à cor peculiar desse doce.

A mazamorra morada se popularizou durante as celebrações do Senhor de Pachacamilla, mais conhecido como o Senhor dos Milagres. Durante o mês de outubro, são realizados diferentes desfiles desse santo pelas ruas de Lima. Foi nesses eventos que esse doce se tornou popular, com a intenção de combater o frio. Também é importante notar que a cor roxa do doce coincide com outro nome desse santo: Cristo Morado.

Como é acompanhada a mazamorra morada?

Novamente, o açúcar foi relevante para dar a esse doce um sabor melhor, além disso, com o tempo, foram adicionados frutos secos, cerejas, passas, maçãs, pêssegos, marmelo, e depois foram incluídos produtos da Amazônia, como abacaxi e banana. Como mencionamos anteriormente, é comum encontrá-la acompanhada de Pudim de arroz ou arroz zambito.

Suspiro de limeña

Há pouco falamos sobre o ranfañote, que é considerado a sobremesa mais antiga de Lima, agora é hora de falar sobre uma das mais jovens. O suspiro de limeña é uma sobremesa relativamente jovem, já que data da metade do século passado, ou seja, tem cerca de 70 anos. Essa sobremesa tem diferentes denominações, como “suspiro a la limeña” e “suspiro limeño”; é importante destacar que o nome que melhor a descreve por sua origem seria “suspiro de limeña”.

A origem dessa sobremesa é incerta, há quem diga que ela já existia muito antes e que tem uma procedência diretamente espanhola. Anteriormente, diz-se que ela recebia o nome de “manjar real del Perú”, devido ao achado de uma receita parecida no Nuevo diccionario americano de cocina (1868).

Também se atribui a criação dessa sobremesa a Amparo Ayarza, que teve a ideia de fazer essa sobremesa devido à grande quantidade de gemas que sobravam das claras de ovos usadas para clarificar o vinho. As gemas eram misturadas com leite e açúcar, formando um manjar branco, e depois decoradas com um merengue obtido do batimento das claras.

Após essa elaboração particular da sobremesa, o marido de Amparo Ayarza, o poeta peruano José Gálvez Barrenechea, ao provar esse doce, mencionou o seguinte: “suave e doce como o suspiro de uma mulher”. Assim, ele batizou e popularizou o novo nome para essa sobremesa, nome que perdura até hoje. Nesse sentido, destacamos que o nome mais adequado é “suspiro de limeña”.

Como se serve o suspiro de limeña?

Essa sobremesa pode ser consumida de diferentes formas, ou seja, pode ser uma sobremesa ou pode ser degustada a qualquer hora do dia. Sempre será um prazer desfrutá-la. Normalmente, é acompanhada por uma xícara de chá frio ou gelado, mas a maioria dos chefs concorda que seu sabor se intensifica se acompanhada por pisco.

Turrões

Para falar dos famosos turrões, precisamos voltar até os finais do século XVIII e falar sobre Josefa Marmanillo, talvez mais fácil de ser reconhecida pelo apelido popular que qualquer peruano pode reconhecer Doña Pepa. Conta-se que essa mulher começou a perder a mobilidade nos braços, então decidiu visitar o Senhor dos Milagres para pedir uma rápida recuperação.

Doña Pepa viajou a Lima de Cañete no mês de outubro, depois de ser libertada da escravidão devido ao mal-estar nos seus braços. Após participar das procissões, voltou a Cañete e, aos poucos, começou a se recuperar. Então, no ano seguinte, decidiu voltar levando um delicioso turrão que distribuía a todos os fiéis. A partir desse momento, ele começou a se popularizar nos meses de outubro de cada ano, até os dias de hoje.

Desde então, começou a se popularizar a produção dos turrões durante o mês de outubro. Esse doce é tão delicioso que não é consumido apenas pelos fiéis, mas também se espalhou e é feito para o público em geral, além de não ser preparado apenas em Lima, mas também em várias regiões do Peru.

Como é a apresentação do turrão?

Esse doce tem uma composição parecida com biscoitos, que posteriormente são banhados com mel de açúcar aromatizado com frutas como abacaxi, banana e marmelo. Após isso, são decorados com confeitos e outros tipos de caramelos.

Por Machupicchu Terra – Ultima atualização, fevereiro 17, 2025